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Cuidado com o lance embutido

Esta semana recebi um e-mail oferecendo uma carta contemplada para venda. Os e-mails trocados exemplificam o absurdo que pode acontecer quando caimos no “conto do vigário” do lance embutido de algumas administradoras.

Bom dia Fabricio,

Li a matéria na internet sobre como investir em consórcio imobiliário e gostaria de tirar algumas dúvidas. Adquiri um consórcio imobiliário da Caixa Econômica e fui contemplado. Porém, não estou mais interessado no bem e gostaria de vender.

Os valores são:

Carta: R$ 14.600,00
Restam: 77 prestações de R$ 246,40
Valor pago: R$ 5.900,00

Quanto eu poderia ganhar de ágio nessa venda? Seria fácil vender esta carta?

Obrigado,
Nome Omitido.

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Oi Nome Omitido,

Como o valor do crédito da tua carta é pequeno e tanto saldo devedor quanto o valor de entrada são muito altos em relação ao crédito, acredito que não seja fácil vender essa carta.

Estão certos os valores que tu passaste?

Porque fiz o cálculo, e dá mais de 70% de acréscimo na relação do crédito com o saldo devedor.

Abraço,
Fabricio.

—–

Oi Fabricio,

Os valores estão corretos sim. Eu comecei pagando por uma carta de R$ 40.000,00 uma prestação de R$ 557,00 e após o “lance embutido” (utilizei 50% da própria carta + R$6.000,00 de FGTS), fui contemplado e o valor caiu para R$ 246,40.

Seria complicado passar este consórcio contemplado mesmo cobrando um valor mínimo de ágio (R$ 500,00 a R$ 1.000,00) ou até mesmo sem cobrança de ágio? A Megacombo faria este tipo de transação com a minha carta?

Abraços.
Nome Omitido.

No exemplo acima dá para notar o absurdo que pode ocorrer quando optamos por fazer um consórcio que permite utilizar “lance embutido”. Acabamos com um consórcio de menos da metade do valor original, mas pagamos a taxa de administração sobre o valor total.

Uma taxa de administração que deveria ser de aproximadamente 20% pode se transformar em mais de 70%, como vimos no caso acima.

Algumas semanas atrás recebi o telefonema de um outro amigo com uma situação pior ainda. No caso dele, tinha um crédito de R$ 50.000 pelo qual ele já havia pago mais de R$ 43.000. E ainda tinha um saldo devedor de mais de R$ 38.000. Quem um sã consciência iria cair em uma furada destas? E pior não é isso, o pior de toda essa situação foi que antes de ofertar o lance embutido que levou a esta situação ridícula ele havia me ligado e perguntado se ofertava ou não tal lance. Mostrei os números para ele, calculamos juntos, mas não adiantou, tudo que eu havia falado entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Agora ele me pergunta se tem como vender esta carta. Claro que não, quem iria pagar R$ 43.000 para pegar um crédito de apenas R$ 7.000 a mais e ainda ficar devendo mais de R$ 38.000 a serem pagos durante os próximos 76 meses?

Por esses motivos que eu procuro sempre mostrar para as pessoas a importância de estudar o que vão fazer antes de partir para a ação. Ou no mínimo, que procurem informação com quem costuma investir nisso. Notem bem o termo: investir, não vender. Porque a quase totalidade dos vendedores de consórcio não possuem consórcios em seus próprios nomes. Se eles não usam o produto que vendem, como acreditar que eles entendem do que estão falando?

Invista com inteligência.

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